"O criador é aquele que faz avançar a história da moda" - Didier Grumbach

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A Costura do Invisível


"Uma coleção de papel, um simples rasgo, um conto de fadas playmobil, que se tornou um ícone da moda"

Em 2004, durante a São Paulo Fashion Week, o estilista Jum Nakao apresentou o último desfile de sua carreira. A apresentação foi mais que um desfile, foi a construção de um paradigma, e a prova disso foi o desenvolvimento do livro e do documentário,que continuam reverberando o desfile e o trabalho de Jum Nakao como um todo.

"O que você faria se você não tivesse que se preocupar com nada? É preciso iniciar, renovar... É necessário fugir das coisas obvias. Sem o espectador a obra não existe"

(Jum Nakao)


O desfile é de uma leveza peculiar, e transmite exatamente o que Nakao fala: "O efêmero também pode permanecer".

Decidindo por uma coleção feita de papel, o objetivo mais importante da exposição foi o detalhamento nas roupas que as faria delicadas, causaria como diz o estilista um "deslumbramento" nas pessoas que as vissem.

Baseadas no final do século XIX as roupas são intensas na elaboração da forma, do trabalho e do processamento. Os papéis foram todos cortados à laser, utilizando sempre o papel vegetal para um efeito do "quase invisível". O propósito era tornar as roupas o mais impecáveis possível para que só fosse percebido de que material eram feitas na hora em que fossem retiradas.


As perucas Playmobil foram escolhidas para ser a peça constante do desfile. Um boneco Playmobil pode ser qualquer personagem e terá o mesmo cabelo. O objetivo era que as pessoas se identificassem com um elemento familiar e que pudessem se projetar na coleção, nas roupas, e se prender à um conceito ao invés de uma identidade de uma modelo em singular.

Houve uma decisão de organizar o show seguindo o mesmo padrão dos desfiles convencionais no andar da passarela, para dar a impressão de ser apenas mais um desfile feito de papel, porém no instante em que as modelos surgem para os agradecimentos há a quebra das regras convencionais de um desfile com uma alteração das luzes e da trilha e a destruição das roupas pelas próprias modelos, tudo para um impacto maior na audiência


"Redescobrir a importância de nos surpreendermos com o mundo, estarmos atentos e sensíveis a pequenas coisas, encontrar um novo sentido como turista nas coisas banais, da importância de um instante de leveza"

(Jum Nakao)





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